OS IMIGRANTES

quinta-feira, 10 de abril de 2008


Talvez o mais importante fator que contribuiu para o grande movimento migratório na Europa, tenha sido a tendência política que surgiu após o término das guerras napoleônicas a favor da ascensão da burguesia, esse fato causou descontentamento em milhares de pessoas, que insatisfeitas com a perpetuação do absolutismo, abandonaram o velho continente. Outro ponto importante foi a introdução de máquinas na indústria européia, o que provocou o surgimento de uma grande massa de desempregados. Portanto, a atitude pró-imigratória era sustentada apenas pelas camadas sociais que lutavam contra a falta de liberdade política e pelos trabalhadores dispensados pelas indústrias. A partir desse ponto de vista, nota-se que os estrangeiros que vieram para o Brasil nesse período, em sua maioria, pertenciam a classe dos que nada possuíam. Boa parte provinha da zona rural, mas havia entre eles um número significativo de trabalhadores urbanos, inclusive, com experiência em atividades artesanais e industriais e os poucos que dispunham de capital investiram em atividades comerciais, montagem de pequenas fábricas e compra de fazendas. No entanto, poucos foram os que enriqueceram na nova terra e o sonho de fazer fortuna transformou-se em um grande pesadelo.
Amontoados em navios e em condições subumanas, os viajantes desembarcavam no porto de Santos e alojavan-se primeiramente na hospedaria dos imigrantes, de onde mantinham contatos com representantes dos fazendeiros e ali mesmo formalizavam contratos para trabalharem nas fazendas de café. Já nos primeiros dias dentro das grandes fazendas o sonho se desfazia, pois o trabalho era árduo e o atrazo nos salários constituía prática generalizada. Insatisfeitos, muitos deixavam a propriedade e buscavam outras que lhes dessem melhores condições de trabalho. Formou-se com isso, um grande contingente de nômades que vagavam a procura do grande eldorado do qual tanto tinham ouvido falar e a sua maioria veio engrossar as fileiras dos trabalhadores urbanos. As queixas sobre as péssimas condições de trabalho tornaran-se tão freqüentes, que alguns países proibiram a imigração para o Brasil, entre eles a Espanha.
Somente no final do século XIX, após a promulgação da Lei Áurea e a proclamação da República, percebeu-se a real necessidade da ampliação na oferta de mão-de-obra no Brasil. A falta de ações políticas que mantivessem a população negra nas fazendas com salários e moradias dignas e o risco eminente de queda no volume de exportações do café colocaram a economia do país em situação de risco. Nesse período, houve novas e intensas negociações para a vinda de trabalhadores europeus para o Brasil, primeiramente por iniciativas particulares e mais tarde por parte do próprio Presidente da República. Os primeiros a chegarem no porto de Santos, foram os italianos, entre os anos de 1891 e 1900, desembarcaram cerca de seiscentos e oitenta mil italianos, três vezes mais que o número de portugueses vindo nessa mesma época.
Dois fatores parecem ter colaborado para o rápido desenvolvimento paulista e consequentemente brasileiro, o café e a chegada dos italianos, esses homens de pele clara, mostraram-se desde o início verdadeiros artistas, pois se tornou comum nas cidades do interior a abertura de pequenos negócios, como carpintarias, oficinas mecânicas, fábricas de massas, alfaiatarias, além dos vendedores ambulantes que ofereciam de porta em porta produtos como o queijo, manteiga, pão e macarrão caseiros. Nas fazendas viviam em sistema de colonos, que lhe garantiam o direito de utilizarem uma parte da propriedade em seu próprio benefício. Só nos resta lamentar a falta de incentivos à população negra que se viu marginalizada e jogada na periferia dos centros urbanos.

2 comentários:

Molon disse...

Muito interessante seu blog. Gostei muito de seus textos. Algo pelo qual me interesso muito é a imigração italiana, afinal sou italiano e até hoje procuro a origem certa do meu sobrenome. Mas de um geral gosto bastante da história da imigração por todo o país. Parabéns

Anônimo disse...

José, obrigado por divulgar meu blogue The History Movies na sua página. Com certeza terá retribuição. Grande abraço amigo. Sua página também é muito inteligente!

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