A Revolução ou Golpe de 1964

segunda-feira, 23 de junho de 2008


A Revolução de 1964 enquadra-se dentro da situação política mundial pós Segunda Guerra, auge da Guerra Fria, quando EUA e URSS atuavam no sentido de ampliar suas áreas de influência em todos os quadrantes do mundo.
A estratégia era apoiar grupos políticos rivais dentro de uma nação e através da possível vitória destes, submeter os governantes, alçados ao poder, ao atendimento de seus interesses.
O Golpe Militar de 64 se insere nesse processo. Os Estados Unidos apoiaram a Revolução contra João Goulart (Jango) que supostamente era um simpatizante soviético. Indícios e provas sobre o apoio dos EUA não faltam. Hoje, sabemos que o embaixador americano, Lincoln Gordon e o adido militar, coronel Vernon Walters, atuaram ativamente nas decisões que antecederam o 31 de março.
Diversos documentos comprovam que Gordon sabia da existência de uma operação para dar apoio à revolução, caso houvesse uma resistência. A operação tinha o nome de Brother Sam.
Como parte desse acordo podemos relatar os vários encontros realizados sigilosamente entre militares e diplomatas brasileiros e americanos com o intuito de tratar de segurança e de cooperação industrial e militar e os vários contratos de compra de material bélico assinados pelo Brasil no exterior.

Não podemos, ainda, esquecer, a contribuição substancial da igreja, com a campanha
anticomunista do padre patrick Peyton, que ao lançar a Cruzada do Rosário em Família promoveu uma intensa mobilização dos católicos, visando atingir o governo constituído. As pregações do
padre Peyton influenciaram na ação de senhoras da classe média, que de rosário nas mãos, conturbaram um comício de Leonel Brizola em Belo Horizonte e o Comício da Central do Brasil
promovido pelo governo, Jango, no Rio. Multidões de pessoas saiam em manifestações chamadas Marcha da Família com Deus pela Liberdade que acabaram por conquistar
as camadas médias da sociedade e engrossaram as manifestações de repúdio,
ao governo vigente.

Em 01 de abril de 1964 o Brasil acordou sob novo regime. Um golpe, liderado por militares e os setores conservadores da sociedade brasileira, depuseram o presidente João Goulart (Jango) e deram início a um regime ditatorial que sufocou o país por 21 anos.
Sufoco relativo se compararmos aos dias atuais e aos anteriores á Revolução. Os governos populistas, apesar das promessas e feitos, não eram isentos de vícios: nepotismos, privilégios, falcatruas, empobrecimento das camadas populares e arrocho sobre as camadas médias, aumento
da dívida externa e da inflação, etc.

Era ruim, ficou pior após o golpe e hoje está péssimo: Conchavos políticos, corrupção, desemprego, saques, assaltos a bancos, falta de segurança interna, disfarçado abandono dos hospitais e escolas públicas, dívida externa astronômica; endividamento público correspondente a 60% do PIB; falsos índices de inflação; arrocho fiscal e salarial; cumplicidade cínica e espoliativa com organismos financeiros internacionais e vai por aí a fora.

Mas internamente, qual era situação imediatamente anterior ao golpe?

O período pós-revolução de 30 foi caracterizado pela existência de governantes que podemos denominar de populistas, política que procura manipular e utilizar as massas trabalhadoras para
a sustentação do poder.
Durante o período, de 1946 á 1964, foram eleitos para chefe do executivo, candidatos dos partidos PTB, UDN e PSD.
Todos assumiram uma posição populista e trabalhista, apesar da incoerência de um membro da UDN, partido de empresários, assumir posições políticas populares/trabalhistas. Mas estava na moda. Garantia a eleição. Getúlio era um modelo e tanto.

Com o término do mandato de JK em 1960, foi eleito Jânio Quadros, da UDN.
Mas Jânio tinha ambições maiores. Tropeçou na sua estratégia e acabou tendo
que renunciar em agosto de 1961, após sete meses de governo.
Como mandava a constituição, assumiu seu vice, João Goulart,
do PTB, e será ele o pivô da crise final da fase populista.

Considerado esquerdista pelos setores mais conservadores, e, portanto uma ameaça, sofrerá pressões políticas comandadas
pelo partido de oposição da época, a UDN e pela cúpula,
que pretendiam impedir sua posse. Apoiava essa medida
também, setores da imprensa, da igreja e outros organismos ditos idôneos da sociedade.

Mas se tinha inimigos, tinha também amigos que o apoiava e eram contra os conservadores e a
favor da posse, principalmente o governador do RGSUL, Leonel Brizola, e algumas lideranças militares de poder decisório significativos.

Essa crise, sucessória, será contornada com uma medida conciliatória: Será aprovada
uma Emenda á constituição, criando o parlamentarismo no país. No parlamentarismo, o poder é dividido entre o Chefe de Estado e o Chefe de governo. O primeiro não governa é apenas uma autoridade representativa da nação sem poder decisório. Quem governa é um primeiro-ministro escolhido pelo Congresso. Pronto. A constituição foi cumprida. Jango assumiu o poder e a
oposição foi atendida. Jango não seria o efetivo governante do país.

Ao assumir, Jango, se posicionou em defesa das reformas de base, principalmente a Reforma Agrária e a de controle do capital estrangeiro, que considerava espoliativo.

O parlamentarismo se mostrava ineficiente. De 61 a 63, Jango vai se ocupar em eliminar esse dispositivo imposto pelo congresso. Com discursos moderados, inicia uma campanha para
antecipar o plebiscito - que originalmente e constitucionalmente era previsto para 1965,
quando, uma eleição popular deveria aprovar ou não a manutenção desse sistema de governo.

O resultado do plebiscito (9.457.448 votos pelo presidencialismo e apenas 2.073.582 a favor do parlamentarismo) devolveu a Goulart os poderes que lhe foram tirados para assumir o governo.

Vencido o plebiscito em 1962 e abolido o parlamentarismo, Jango procurou por em prática as suas Reformas de Base que visava mudanças radicais no sistema financeiro, educacional, agrário,
fiscal e que eram repudiadas pelos conservadores que as consideravam de caráter marxistas.
Durante todo o período do governo já havia e crescia uma forte conspiração contra Goulart. A oposição alertava para a ameaça do comunismo, que haveria de destruir as famílias, acabar com a propriedade privada e proibir a prática da religião.
Essas propostas, dentre outras pirotecnias do presidente, foi o estopim que precipitou o golpe que depôs João Goulart.

E o golpe veio num 31 de março (alguns dizem 01 de abril. Maldade!).



Eclosão do Movimento


No dia 30 de março as tropas do General Mourão Filho começam a se deslocar para o Rio de janeiro. Jango, visando combater essa iniciativa, despacha tropas para conter os militares mineiros, mas estas aderem ao movimento e ganha apoio de outras unidades militares de São Paulo, Guanabara do Rio Grande do Sul.
Jango retira-se para o Rio Grande do Sul e desiste de organizar um movimento de resistência, apesar das pressões de Brizola que era favorável a um confronto.

Em Brasília, o cargo de presidente é declarado vago. O presidente do senado, Auro de Moura Andrade, de acordo com a Constituição, empossa Ranieri Mazzili, que era o presidente da Câmara dos Deputados. O governo norte americano será o primeiro a reconhecer a nova situação.

No dia quatro de abril de 1964, Jango parte para o exílio no Uruguai.

Vitória da reação conservadora, comandada pelos militares, eliminando definitivamente o populismo e dando início a uma nova estratégia e temporada de caça aos oprimidos,
desfavorecidos e em menor ou maior escala, á classe média. Como sempre ocorreu em todos
os momentos da história brasileira...sem exceção.

Fonte:http://www.eduquenet.net

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