ÍNDIOS DO TIJUCO PRETO

terça-feira, 4 de março de 2008

Em quanto os portugueses tentavam diálogo com as tribos litorâneas, no interior da floresta, inúmeros grupos indígenas viviam sossegadamente seu cotidiano, sem perceberem que seus hábitos e costumes estavam com os dias contados. Foram anos de massacres através das atividades de caça e escravisação do indígena e mais tarde sua cultura original sofreria mudanças drásticas a partir da chegada dos padres Jesuítas. O sertão do tijuco preto, que se estendia desde as proximidades da atual cidade de Ipaussú até o litoral paulista, era habitado por diversas etnias, de acordo com manuscritos deixados pelo Frei Capuchinho Modesto de Resende, no ano de 1845, que durante uma rotineira viagem de catequese, encontrou um grande número de índios Kaiowá, da família Guarani, que subiam as margens do Paranapanema fugindo de um conflito com índios Coroados que viviam na região dá extinta missão jesuíta de Santo Inácio. Na confluência com o Itararé, o grupo dividiu-se, enquanto uma boa parte subiu o afluente, a outra continuou margeando o Paranapanema até alcançarem as terras onde dez anos depois nasceria o vilarejo de São Sebastião do Tijuco Preto, fundando ali o aldeamento Piraju.
Foram justamente os índios dessa aldeia, que os fundadores do referido vilarejo encontraram, quando aqui chegaram para a posse da terra e para abrirem as primeiras fazendas às margens do rio. Mas, esse primeiro contato, nos faz imaginar, que os “novos donos da terra” encontraram índios totalmente desprovidos de “cultura” e que viviam nús pela floresta, na realidade eles já haviam sido catequizados pelos Padres da Companhia de Jesus e possuíam certa cultura européia que incluíam desde as vestimentas, até hábitos do cotidiano.
Os Guarani dividiam-se em três subgrupos: Mandéva, Mbüá e os kaiowá que também eram conhecidos por Teüi e Tembekuá. A casa grande era elemento importante para a cultura material dos Kaiowá, chamada de tapyiguasú (cabana grande), tinha formato quadrangular com aproximadamente dezoito metros de comprimento por oito de largura e cobertura de sapé, possuía três entradas, uma ao norte, outra pelo sul e a principal pelo lado leste onde se estendia pelo lado de fora, um grande terreiro com aproximadamente quinhentos metros quadrados e ao lado da entrada havia o altar, armação em madeira diante do qual eram realizadas as danças religiosas. Nos setores da cultura material, também utilizavam a cerâmica e técnicas de fiação e tecelagem, em geral utilizavam redes para dormir, mas era comum dormirem no chão ao lado da fogueira.
Portadores de cultura características de região florestal, em que as atividades de subsistência incluíam lidas de caça em combinação com o cultivo da terra, os Kaiowá se estabeleciam sempre que possível, no seio da mata evitando a paisagem aberta dos campos e as aldeias eram constituídas em comunidade de produção, consumo e vida religiosa. Em matéria de mobiliário quase não se pode falar, pois a casa Kaiowá era dotada apenas de redes para o repouso e suportes de madeira para os potes de água, já as peças do vestuário eram penduradas em cipós esticados dentro das habitações, também no interior da casa grande, construian-se armações de varas horizontais que serviam como depósito de mantimentos e utensílios de cozinha.
As principais peças do vestuário masculino eram o txiripá, o txumbé e o ponchito, todos confeccionados em fios de algodão produzido pelos próprios índios.
O txiripá era uma vestimenta que descia até abaixo do joelho, lembrando uma saia, de forma retangular e provido de franjas.
O txumbé era uma faixa de algodão, tecido em bonitos padrões e era utilizado em torno da cintura.
O ponchito era tecido também em algodão de forma bem cerrada com largura variável entre cinqüenta e cinqüenta e cinco centímetros e cento e vinte cinco centímetros de comprimento e era utilizado apenas pelo chefe religioso.
A indumentária feminina, consistia em duas peças, o tupá e a vatá.
O tupá era fechado por meio de costura lateral, parecido com o txiripá dos homens, tendo mais ou menos o mesmo comprimento. A vatá era uma blusa com mangas que descia até a cintura.
A cor da pele oscilava em escala bastante ampla entre os extremos de moreno claro e do moreno escuro, os cabelos eram pretos e lisos e cortados até a altura dos ombros. Entre os Kaiowá os padrões de higiene eram muito rudimentares, porém, havendo um rio nas proximidades, os rapazes, vez ou outra se banhavam, mas apenas com a intenção de se refrescaram em dias de calor. De forma geral, a cultura Guarani evoluiu em relação às outras etnias, graças à influência dos jesuítas que durante aproximadamente três séculos condicionaram os indígenas dentro dos costumes europeus.

1 comentários:

estanciapiraju.com.br disse...

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