O CAFÉ E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL

sábado, 8 de março de 2008

No início do século XIX, o Brasil vivia uma fase bastante vulnerável em sua economia. País totalmente subdesenvolvido que entregara todas as suas riquezas à Coroa portuguesa sem receber nada em troca. Até então praticara em larga escala o plantio da cana e a produção de açúcar, a mineração e subsidiadamente cultivava algodão e tabaco, enquanto importava produtos industrializados de que necessitava sua população. Em relação ao padrão norte-americano da época, o Brasil vivia uma fase pré-política em sua economia, onde a população, em sua maioria, vivia em áreas rurais num sistema de autarquia, o que não fornecia elementos para a formação de uma História econômica, senão rudimentar e nem tão pouco antecipava a urbanização que iria ocorrer em larga escala, somente no início do século XX.
Nesse cenário, percebe-se que a tendência natural das terras brasileiras seria o abandono por parte da Coroa, pois a cana-de-açúcar não estava sendo tão produtiva como outrora e as riquezas naturais estavam escassas, mas, esse período despertou a necessidade de investimentos em uma nova cultura que definitivamente provocasse o desenvolvimento econômico e consequentemente a urbanização da colônia e foi justamente neste período conturbado da economia brasileira que surgiu o café.
A história exata da descoberta da bebida perde-se no tempo, é sabido, portanto, que a planta é originária da Arábia e Etiópia e seguiu um longo e sinuoso itinerário que o levaria no decorrer dos séculos, das tendas dos beduínos aos elegantes cafés parisienses. Experimentado pelo europeu, logo encontrou apreciadores que não escondiam seu entusiasmo pelas qualidades de aroma e sabor da nova bebida. Médicos e boticários receitavam-no a miúde por toda a Europa, como eficaz medicamento para os males do estômago, fígado e intestino, além disso, o café passou a ser sinônimo de elegância e até mesmo de condição social. Da Europa, a planta foi trazida para possessões holandesas no norte da América do Sul, pouco tempo depois, colonos da Guiana francesa que viviam próximos da fronteira adentraram no território holandês e dali retiraram algumas mudas que no futuro deixaria em iguais condições econômicas as duas colônias européias.
O fato é que das possessões européias, o café chegou ao Brasil, contam alguns historiadores que o sargento-mor Francisco de Melo Palheta teria recebido algumas mudas presenteadas pela esposa do Governador da Guiana francesa, outros dizem que Palheta teria ido em missão oficial até os domínios franceses com objetivo já definido pela Coroa portuguesa que pretendia obter para sua colônia o produto de crescente aceitação. Seja qual for a versão, o fato é que o cafeeiro surgiu no Brasil no final do século XVIII, nos fundos de um quintal em Belém do Pará e foi através da cultura desenvolvida nos quintais a responsável pela expansão cafeeira no solo brasileiro e a partir daí, o país teve no café seu principal apoio econômico.
O roteiro do café obedecia a uma tendência natural das culturas. Por volta de 1770, o café foi trazido do Maranhão para o Rio de Janeiro a pedido do Chanceler João Alberto de Castelo Branco, que havia trabalhado como Juiz em terras maranhenses, a planta foi entregue aos frades Capuchinhos italianos que as cultivaram e espalharam por toda a região fluminense, partindo daí para a zona da mata mineira, sul do Espírito Santo, norte de São Paulo e finalmente, partindo de Jundiaí, atingiu as zonas da baixa paulista, mogiana, araraquarense e a região sorocabana que se transformaria no grande centro produtor do país.
A chegada das primeiras mudas na região sorocabana se deu em meados do século XIX, coincidindo com a criação dos estados do sul, desmembrados da província de São Vicente em 1854, e com a distribuição feita pelo Governo paulista, de várias cartas de sesmaria na região do Paranapanema e que visavam não só a expansão da cultura cafeeira, mas também o povoamento das regiões de fronteira com o novo Estado do Paraná. A partir de então o Brasil passou a viver uma euforia econômica que teria fim no ano de 1929 com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque.

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