PIRAJU E A POSSE DA TERRA

quinta-feira, 13 de março de 2008

Em 1532, com a fundação da Vila de São Vicente, ficou assinalado o início do povoamento e exploração da região paulista. As tentativas que se fizeram a partir desse ano em busca das riquezas que a terra oferecia foram várias, porém a descoberta oficial de ouro em terras vicentinas, só viria acontecer na última década do século XVII e entre os locais que o metal fora descoberto, estava a região do Paranapanema. Era fato comum na época o garimpeiro fixar moradia e até criar pequenos povoados no local do garimpo, com isso poder-se-ia dizer que os garimpeiros teriam sido os primeiros moradores da região e que das terras por eles apossadas teria surgido o vilarejo que mais tarde se transformaria na cidade de Piraju, mas esta Hipótese teria que ser descartada, visto que as minas do Paranapanema sempre tiveram extração reduzida e os garimpeiros afastavam-se na medida em que eram atraídos por lavras maiores e mais rentosas, como as existentes em Goiás e Cuiabá. No espaço de seis anos, entre 1733 e 1739, a produção das minas do Paranapanema passou de 1706 para 286 oitavas e a partir daí a extração foi diminuindo até a desativação total das mesmas.
Neste período da História do Brasil, o cultivo agrícola não existia o que tornava sua população nômade, fato que não ocorria na São Paulo de Piratininga, que vicejava em torno do colégio fundado pelos Jesuítas em 1554, ali a prática da leitura, as noites de saraus e a freqüência às aulas de alfabetização era algo comum já que a maioria de seus moradores eram nobres. A nobreza exercia funções públicas, habitavam casas cobertas por telhados de cerâmica e traziam professores de Lisboa que eram incumbidos da educação das crianças enquanto que a plebe sobrevivia única e exclusivamente da caça e coleta de frutos silvestres, seus filhos desconheciam o alfabeto e eram educados pela dura necessidade de sobrevivência, assemelhando-se aos índios e foi deste estilo de vida somado ao cruzamento de raças que se formou um povo rude e totalmente preparado para a expansão e fortalecimento do Império português.
Alguns povoados começam a pipocar pelo interior da província e muitos transforman-se rapidamente em vilarejos e cidades. Talvez a de maior importância e que definitivamente influenciou no surgimento de São Sebastião do Tijuco Preto tenha sido Sorocaba que se transformou no centro de expansão do interior paulista. Sua feira anual de muares atraia mineiros que vinham com suas tropas carregadas de produtos de pequena lavoura e voltavam com lotes de mulas rio-grandenses ou levando açúcar e aguardente aqui produzidos, provocando assim o fluxo populacional. Em 1802, foi imensa a vinda de mineiros para a região centro este de São Paulo e foi seguindo esse mesmo caminho que algumas décadas depois chegou em terras hoje pirajuenses, um dos fundadores da então São Sebastião do Tijuco preto, João Antonio Graciano, vindo da cidade de Cambuí juntamente com sua esposa Dona Domiciana e seus filhos Pedro, João Graciano, Dionísio, Inácio, Joaquim, Leonardo, Leonel, Francisco e Domicilia. Falecendo sua primeira esposa, casou-se com Dona Delphina, com quem teve mais três filhos, Salvador, Alexandre e Honorata, esta nascida em 1872 de acordo com registros paroquiais.
Sobre a vida de Domingos Faustino de Souza, outro fundador da cidade de Piraju, pouco se sabe devido à falta de documentação escrita, mas pela tradição oral é sabido que teve muitos filhos e entre eles o Sr. Pedro Faustino de Souza que foi casado com Dona Ana e era pai de Sebastião Faustino de Souza que se casou com Dona Agda Palmezani. Sebastião trabalhou como capanga de Ataliba Leonel e também na construção da barragem do Paranapanema, faleceu aos 45 anos de idade, época em que residia na fazenda Santa Clara. Joaquim Antonio de Arruda, fundador que daremos maior destaque nas próximas postagens, veio para cá, oriundo da cidade de Tietê, também acompanhado por seus familiares, foi o grande mentor da fundação do patrimônio.
Quando aqui chegaram, os três fundadores encontraram já estabelecidos no local, às famílias de João Campanhã e Manoel Caetano, ambos de origem desconhecida, mas que eram citados em manuscritos dos frades Capuchinhos como sendo os primeiros moradores do local tendo inclusive um deles, a casa coberta por telhas de cerâmica o que nos leva a crer que este era de origem abastada visto que não era comum a utilização desse material nas cidades já existentes na época. As primeiras casas que aqui foram construídas eram feitas de taipa e erguidas com paus roliços ou taquaras, bastante comum na região e gastava-se a maior parte do dia, abrindo clarões na densa mata e durante a noite, a única iluminação era a da lua, exceto é claro, a dos lampiões que clareava as conversas dos novos moradores do lugar. As primeiras ruas foram abertas com ferramentas rudimentares e tinham que ser constantemente capinadas para que o mato não as cobrisse novamente. O lugarejo propriamente dito, não possuía animação nem comércio, suas ruas eram mal feitas, tão irregulares quanto a topografia do lugar, o largo de fonte a pequena capela era pequeno, as casas eram branqueadas com tabatinga e de paredes pouco elevadas de onde se erguia largas portas e janelas quase quadradas e nas peças do vestuário não havia gosto nem elegância.
Assim nascia São Sebastião do Tijuco Preto, com suas ruas invadidas pela vegetação, como se fossem ruas de um subúrbio pobre e esquecido, mas que ao mesmo tempo era adorável, dado aos costumes simples da época.

3 comentários:

...Má... disse...

Oiee
Roberto parabens, adorei seu blog, muito interessante mesmo nossa nem eu sabia de td isso.Muito bom mesmo, apesar que vindo de você só pode ser coisas maravilhosas e feito com muito carinho.
Todo carinho do mundo bjãoo

Blogger de Ana Lúcia disse...

Boa noite meu amiguinho.
Adorei teu Blog, posso participar.
Aceitas essa tua amiguinha q te adora.
Tb estou participando de sua comunidade, será q posso?
Agora falta vc participar de minha comunidade e do meu Blog, topas?
Depois de passo o e-mail de minha
comunidade e do meu Blog ok
Ficarei muito Feliz de Vc participar.
Que bom q nos encontramos tb na Sonico.
Agora falta participares do meu HI5
lá tem meu diário.
É tipo o nosso Orkut.
Te espero lá hem?
beijinjo no teu coração!!
ana lúcia
Te adoro viu.

Paulo Viggu disse...

Caríssimo - Parabenizá-lo por suas incursões pirajuenses, históricas, incluindo o link "mistérios" é um prazer. Serei divulgador deste portal. Abraços - Paulo Viggu

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