A Derrota da Política - A Era da Traição

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sem contemplação ou raciocínio em torno do que se deve ou não fazer para melhorar a situação existencial de nossa gente, era necessário deter a escalada inflacionária sem modificar os grandes lucros capitalistas do tempo contemporâneo. Um plano feito para manter sólidos os lucros do grande capital especulativo, para o fim a que se destinou teve sucesso absoluto.

Abstraindo detalhes não considerados quando da elaboração do plano, detalhes como trazer bem-estar ao povo, melhorar a distribuição de renda ou mesmo a produção foi, desde sempre um projeto técnico voltado única e exclusivamente a trazer mais segurança e firmeza ao capitalismo brasileiro.

Em 1994 a inflação chegava aos 40% ao mês e naquele ritmo, terminaria o ano em 5.500%. O país não pagava integralmente sua dívida externa e estava fora do mapa dos investimentos estrangeiros. Diante daquele quadro era necessário convencer trabalhadores, empresários e investidores – todos eleitores, uma vez que era um ano, 1994, de eleições presidenciais – de que, após os fracassados Cruzado, Cruzado 2, Bresser, Verão, Collor e Collor 2, um novo plano contra a inflação funcionaria.

Foi por acaso que o professor FHC, reputado até então como esquerdista e à ocasião na chefia do Itamaraty, estudava uma candidatura a deputado no ano seguinte, foi nomeado Ministro da Fazenda. Pouco versado nos temas da pasta, começou sua gestão com a cantilena até hoje repetida por seus sucessores: não se afastaria do que os economistas chamam de políticas ortodoxas, ou seja, combateria a inflação com as recomendações da cartilha tradicional – juros altos e controle dos gastos públicos. O mesmo que se implantou, à mesma época, na Argentina, no México e numa série de outros países que já se afastaram deste encaminhamento externo danoso à vida nacional.

No caso brasileiro, o desempenho da ortodoxia nos dois anos anteriores tampouco era animador. Afinal, “os manuais econômicos não foram feitos para um país em que preços, salários e contratos eram quase todos atrelados a índices de correção monetária”.

Ficou claro que somente apelando para a implementação no Brasil deste plano tecnicamente engendrado nas vísceras do capitalismo estadunidense se poderiam garantir os grandes lucros de especuladores nacionais e internacionais, mantendo incólume o capitalismo brasileiro, desde que se abstraíssem as questões políticas. Esta derrota da política é a principal característica do Consenso de Washington no Brasil: dentro da mais rigorosa ortodoxia econômica, o presidente do Banco Central dita as normas que serão seguidas até pela Presidência da República, invertendo a hierarquia política nacional. Combate a todos os gastos públicos, ou seja, o BACEN se recusando a alocar recursos para atividades políticas como investimentos em saúde, educação ou segurança pública, sob um discurso absolutamente privativista. A grande conquista seria a paridade da moeda nacional ao dólar estadunidense, o que se manteve no Brasil artificialmente anos a fio. Completando o círculo de ferro, taxas de juros na estratosfera, com vistas a garantir “investimentos” externos com a atratividade do lucro fácil sem a necessidade de investimento em setores necessários ao social no Brasil. Toda a atividade social ou cultural ficou relegada à rubrica “esmola” ou sujeita aos fluidos da iniciativa privada, que o poder público, sem dinheiro para tanto que o capital brasileiro foi todo para garantir o “bom nome” do Brasil lá fora, à revelia do bem-estar de nossa gente...



Era perdida, era maldita, era da traição – Pobre Brasil...



Tais foram os epítetos dados pelos estudiosos aos últimos anos e há um esboço de como ficarão conhecidos os novos tempos. Com tais epítetos sabe-se que a nação passa por um período dificílimo de crise aparentemente interminável até porque os governantes, antes de buscar soluções, impuseram-se como gigantescos obstáculos.

O período final da ditadura militar e o governo Sarney ficaram conhecidos como “Década Perdida”; o período FHC ficou conhecido como “Década Maldita” – foram 2 anos como ministro de Itamar e 8 como Presidente da República. O século XXI começa sob o signo da traição.

Na Europa, berço da social-democracia, os partidos políticos desta linha, após convocar reuniões plenárias com suas bases, via de regra seguem o doutrinário neoliberal debaixo do discurso de “humanizar o capitalismo”, com mais ou menos sucesso. Os países escandinavos são um exemplo de sucesso neste tipo de encaminhamento. Lugares em que há praticamente pleno emprego e os serviços sociais (fundamentalmente em torno da saúde e da educação) são encargos exclusivos do poder público. Como resultado a qualidade do atendimento médico, assim como da educação pública é inquestionável.

O Brasil, como diz Roberto Schwartz, está sempre colocando e recolocando idéias estrangeiras fora do lugar. Temos dois grandes partidos com ideário social-democrata: o PT e o PSDB. O PSDB frustrou as expectativas da nação ao encaminhar de maneira técnica o procedimento político. Primeiro houve a fé cega no Plano Real. Após tantos anos de inflação ininterrupta era preciso agarrar-se a alguma coisa. Logo se percebeu que o aquele plano fora engendrado no mesmo local em que o foram dezenas de outros similares na América Latina e África: foi a aplicação prática, em nossas plagas, do “Consenso de Washington”. Um exemplo bem próximo é a Argentina, onde Domingo Cavallo, o FHC deles, implantou um plano econômico contemporâneo ao nosso real, cujos parâmetros fundamentais eram os mesmos, ou seja: paridade entre a moeda nacional e o dólar estadunidense, elevadíssima taxa de juros e controle rigoroso dos gastos públicos – entendendo os investimentos em saúde e educação como gastos, foram estes jugulados, quando não suprimidos, lá, aqui, no México e onde mais foi aplicado – sempre com vistas a pagar vultosas quantias a título de “juros da dívida”, que há anos ficou claro ser rigorosamente impossível pagar o principal.

O resultado disso, como não poderia deixar de ser, foi o desemprego, o subemprego – o crescimento recorde das atividades econômicas informais – o aumento do analfabetismo, da mortalidade, da criminalidade e do consumo de entorpecentes do lado social e, do lado do capital, um enriquecimento surpreendente das empresas ligadas ao crédito direto ao consumidor, assim como daquelas que vivem de especulação. Em suma, dez anos de plano real trouxeram mais lucros e maior conforto a quem já estava no topo da pirâmide social brasileira.

A cúpula do PT escolheu seguir para a direita, tal como o PSDB o fizera quando no governo, sem qualquer consulta às bases eleitorais a este respeito, como acontece na Europa. No caso petista, dada a tradição de ouvir as bases e ainda ter uma militância aguerrida além de importantes lideranças comunistas, este fato tem sido gravíssimo e provocado os maiores escândalos. Quem ainda tenta encaminhar o processo político de maneira política é relegado a segundo plano ou mesmo expulso do partido, sob a acusação infamante de “coerência”. No PT é proibido hoje ser coerente a seu passado histórico. Se outrora se pregava a cessação do pagamento da dívida externa, o fim do monetarismo no encaminhamento econômico, o fim da cobrança de juros altos e do desemprego, a volta das considerações sociais ao centro das atenções, frustramo-nos todos ao sermos traídos pela cúpula do partido que optou por agudizar o encaminhamento monetarista dando autonomia ao Banco Central que, na prática, decide como o dinheiro em circulação no Brasil deve ser “tecnicamente” empregado. Não há mais decisão política a este respeito a não ser como um teatrinho voltado a engambelar o povo.

Engambelação passou a ser outro problema. Enquanto o Brasil segue ladeira abaixo numa escalada pavorosa de desemprego, subemprego, ausência de considerações sociais, enfim, que não sejam na condição de esmolas – que inclusive são negadas – a propaganda martela tanto e por tantas vezes coisas até verossímeis, se a prática, se a vida concreta não as desmentisse, mal sejam pronunciadas, o que deixa a militância inocente e pouco instruída, além de emocionalmente envolvida, num engajamento enlouquecido, tentando provar que “não está tão ruim”, como se isso fosse o suficiente para um governo que prometia mudanças e não cumpriu, que traiu a vontade do eleitorado. Se o PT prometesse na campanha o que está fazendo na prática, ou seja, aumentar o desemprego e o desespero, mantendo os tucanos como donos do Banco Central do Brasil e agudizando a concentração de rendas ampliando o fosso entre ricos e pobres neste país, sem dinheiro para nada a não ser o pagamento dos juros de uma dívida que só faz crescer, tenho dúvidas se teria sido eleito.

Há a elaboração de cartilhas, com dinheiro público por sinal, o que está sendo questionado, tentando provar que você e eu, leitor, assim como nove em cada dez brasileiros estamos errados em nossa percepção da realidade. Que não é verdadeira a nossa percepção de que há mais assaltos hoje do que há dez anos, que há mais desemprego hoje do que há dez anos, que o governo Lula é uma continuação piorada do governo FHC. Verdadeira é a cartilha do Duda Goebbels Mendonça que, por vias tortuosas, “prova” que o contrário da realidade é que constitui a “verdade” governamental.

Até quando a militância petista, traída pela cúpula do partido, se deixará enganar pela propaganda governamental? Quanto tempo ainda demorará até que perceba que estamos vivendo a pior ditadura do mundo, a ditadura fria do Capital? Até quando aferirá a prática dos homens públicos somente pelo discurso e não pela prática? Até quando suportará ser tutelada pela cúpula partidária e aceitará candidamente ser tratada como uma criança oligofrênica?

Esta ingenuidade da militância é extraordinária pois constitui o ponto fulcral ao desabrochar do idealismo. Com o tempo desperta...

“Realizações” do governo petista



Seduzido pelo Poder, Lula se esquece de suas raízes e não governa. Miseravelmente discursa. Sempre mentindo. Manipula estatísticas para desinformar no sentido de que seu governo está realizando “o que nunca antes foi feito neste país” – e quando fala isso não se refere à formação de quadrilha, que capitaneou ou testemunhou de perto; tampouco acerca do suborno escancarado a parlamentares ou à queda de ministros e líderes petistas outrora considerados íntegros por corrupção, abuso de poder, peculato e crimes de responsabilidade.

Lula quer fazer acreditar que seu governo é um bem e não um mal, que de fato é, para nosso país!

Nosso endividamento cresceu para mais de R$ 1.000.000.000.000,00 (UM TRILHÃO DE REAIS!). Isso realmente nunca havia acontecido antes neste país.

Nossos impostos jamais haviam sido tão escorchantes. Pagamos ao governo Lula 40% - 2/5 dos infernos, o dobro do que o Visconde de Barbacena cobrava ao exigir o “quinto” – e o dinheiro não é empregado nas necessidades básicas de nosso país, vai para o enriquecimento de banqueiros, para o suborno de parlamentares, para cobrir suas despesas pessoais e prestar sinecuras a amigos e parentes.

Collor de Mello seqüestrou a poupança dos Brasileiros. Lula seqüestrou a Esperança transformando-a em agonia, desespero, desamparo e medo.

O estrago por ele promovido à própria noção de “esquerda” no mundo somente poderá ser avaliado com o passar dos anos. Tínhamos Esperança e recebemos a maior traição da história pátria!

Texto de Lázaro Curvêlo Chaves - 3 de abril de 2006

Fonte:www.culturabrasil

1 comentários:

Anônimo disse...

really good blog indeed

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